sexta-feira, 12 de abril de 2013

“Ansiedade - O Transtorno Obsessivo Compulsivo"

Seus sintomas envolvem alterações do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos (obsessões como dúvidas, preocupações excessivas ou pensamentos de conteúdo ruim, inapropriado) e das emoções (medo, desconforto, aflição, depressão). As evitações se tornam responsáveis pelos prejuízos que o transtorno acarreta.



Os rituais ou compulsões são realizados em razão dos medos ou aflições que ocorrem sempre que a mente é invadida por uma obsessão, como a de contaminar-se, ser responsável por um acidente, de cometer falhas, de contrair uma doença.



OBSESSÕES:

Alguns exemplos: preocupação excessiva com doença, germe ou contaminação; Exagero em relação à ordem, simetria ou exatidão; Preocupação em armazenar, poupar, economizar ou guardar muitas coisas inúteis; Pensamentos sobre palavras, cenas, nomes ou músicas intrusivas, indesejáveis; entre outros.



A invasão de pensamentos involuntários, automáticos, faz parte da atividade mental normal. Ocorrem normalmente e da mesma forma que surgem, desaparecem.



Porém, para alguns indivíduos, esses pensamentos são indicativos de algum risco. Acredita-se que a interpretação errônea e catastrófica desses pensamentos, faz com que transformem-se em obsessões, levando a pessoa a agir tentando neutralizá-lo no sentido de diminuir as consequências imaginadas.



Obsessões são então pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma repetitiva e persistente. Podem ser imagens, palavras, frases, números. Mesmo esforçando-se, o indivíduo não consegue afastá-las da sua mente.



Apesar de serem consideradas ilógicas, causam ansiedade, medo, desconforto, e a pessoa busca neutralizar estas sensações realizando rituais/compulsões ou evitações (não tocar, evitar certos locais).


COMPULSÕES OU RITUAIS:

Alguns exemplos: ordem ou limpeza; exatidão, sequenciamento, alinhamento; compulsões mentais de repetir palavras, números, frases; contagens; entre outros.



Comportamentos ou atos mentais involuntários e repetitivos, executados em resposta a obsessões ou em virtude de regras que devem ser rigorosamente seguidas.



Aliviam momentaneamente a ansiedade, levando então o indivíduo a executá-las sempre que sua mente for invadida pelas obsessões. Por conta disso, a pessoa se torna prisioneira dos seus rituais.



Algumas compulsões não apresentam conexão com o que desejam prevenir. Por exemplo, alinhar o chinelo antes de deitar para que não aconteça algo ruim no dia seguinte. Neste exemplo existe um pensamento de conteúdo mágico, que o assemelha muito com as chamadas superstições.



EVITAÇÕES:

Alguns exemplos: não frequentar determinados locais como cemitérios, hospitais; não usar banheiros que não sejam os de casa; não frequentar locais públicos; entre outros.



Pacientes com obsessões relacionadas a sujeira, contaminação ou com medos supersticiosos exagerados, adotam com muita frequência comportamentos evitativos, como forma de não desencadear suas obsessões.



Se por um lado evitam ansiedades e aflições, por outro, acabam causando problemas para a vida diária. Tais restrições podem então ser impostas à outros indivíduos da família, causando então conflitos.


O CONTEÚDO SUPERSTICIOSO:


Todos temos algumas superstições que fazem parte da nossa cultura: não passar embaixo de escadas e evitar cruzar com gato preto na rua podem prevenir azar. Bater três vezes na madeira dá sorte, o número 13 é considerado número de azar.



O que distingue as superstições que fazem parte da cultura das obsessões como sintomas do TOC é a intensidade em que se acredita nelas, o quanto interferem na vida diária e o grau de desconforto que causam caso sejam contrariadas.



No TOC estas aflições tem conexão com objetos ou situações temidas que ficaram associadas ao azar. Como consequência, são evitados objetos ou locais que provocam estes infortúnios.


PERFIL:


Portadores do TOC distinguem-se dos não portadores:



- São mais suscetíveis a sentir medos;

- Têm excesso de responsabilidade que faz com que estejam sempre com dúvidas e preocupados em não falhar;
- Interpretam de forma exagerada os riscos que as diferentes situações apresentam;
-  Utilizam formas inadequadas de lidar com os temores;
- Tentam neutralizá-los mediante a realização de rituais (lavagens, verificações, repetições) ou evitações, o que acaba perpetuando o transtorno;


POSSÍVEIS CAUSAS:



- Fatores Neurobiológicos, incluindo os genéticos;

- Comportamentais (aprendizagem);
- Cognitivos (pensamentos e crenças distorcidas)

- Estudos encontraram evidências que levam o entendimento do TOC como uma doença neuropsiquiátrica e não um transtorno eminentemente psicológico;
- Redução dos sintomas com medicamentos antidepressivos que elevam os níveis de serotonina na sinapse nervosa (inibição da recaptação);
- Exames como SPECT, PET (tomografias) e RM (ressonância magnética) permitem a constatação de aumento da atividade cerebral em determinadas regiões, quando comparadas com os não portadores;
- Há uma maior incidência em familiares de portadores, comparados com a população em geral;
- Há casos de TOC associados com outras patologias;
 
TRATAMENTO:

Até bem pouco tempo, o TOC era considerado um transtorno de difícil tratamento, pois os recursos que se dispunham eram basicamente a psicanálise e psicoterapias de orientação analítica pouco efetivas.


Hoje a situação mudou e mais de 70% dos pacientes tratados conseguem reduzir ou até eliminar por completo seus sintomas.



O tratamento de primeira linha para o TOC nos dias de hoje é o uso de medicamentos do grupo de antidepressivos, conhecidos como inibidores de recaptação de serotonina (IRSs) e a Psicoterapia Comportamental de exposição e prevenção de rituais (EPR), associadas a técnicas cognitivas – Terapia Cognitivo Comportamental.



Nota-se nas pesquisas que os medicamentos regularizam possíveis disfunções neuroquímicas cerebrais, ao passo que a psicoterapia cognitivo comportamental tem por objetivo corrigir aprendizagens erradas e modificar pensamentos e crenças distorcidas.



Lançar mão somente da medicação tem algumas limitações, e apenas 20% dos casos pode haver remissão completa dos sintomas. A maioria segue com sintomas residuais, mesmo depois de longos períodos de tratamento.



Associadas, as duas modalidades terapêuticas , atuamos tanto nos fatores biológicos (neuroquímica cerebral) como nos fatores de natureza psicológica (aprendizagens e crenças disfuncionais). Trabalhos mais recentes encontraram evidências de que tal associação é vantajosa e efetiva.
Clique e veja a reportagem sobre TOC, da série "Males da Alma - Fantástico"



Flávia T. Leite Moris CRP 06/76942
Psicoterapia Cognitivo Comportamental - Adultos

Fonte: CORDIOLI, Aristides V., TOC: Manual de terapia cognitivo comportamental para transtorno obsessivo-compulsivo. Porto Alegre. Artmed, 2007.






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